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PAINEL #17 - CORRA DO BARRADÃO!

DAVID RIBEIRO
@eudavidribeiro

No futebol, você não pode e não deve cantar vitória antes da hora, antes mesmo de acontecer a partida e o BAVI de ontem, mostrou mais uma vez que a soberba sempre precede a queda. Ontem, quem venceu o BAVI foi aquele que falou menos e trabalhou, aquele que em meio a pressões e criticas (algumas delas com fundamento e outras apenas por pura corneta/birrinha), sabe da importância fundamental que o seu mando de campo, o Estádio Manoel Barradas tem, principalmente com uma torcida que no pior momento da história do clube, abraçou o Vitória e de um quase rebaixamento pra Série D, essa torcida carregou o time da Série C até chegar na Série A, como campeão brasileiro da Série B, o primeiro clube baiano a conquistar um título nacional no modelo de pontos corridos.

Quem venceu o BAVI ontem, foi aquele que mesmo após tomar a virada do Bahia ainda no primeiro tempo, manteve a estratégia de jogo, corrigiu posicionamento de alguns jogadores e voltou do intervalo mantendo a proposta e assim, fez um segundo tempo impecável, onde já merecia ter virado o placar antes, antes mesmo da expulsão justa e circunstancial do volante do Bahia, Rezende.

Venceu o BAVI, aquele que tem em Osvaldo, não só um líder mas principalmente uma referência técnica de uma qualidade absurda, no auge dos seus 36 pra 37 anos, fez o que quis com Luciano Juba, marcou dois gols e ainda perdeu mais dois no clássico. Protagonista, assim como Matheusinho. O 'pequeno mágico' que não só exala qualidade técnica como também é sinônimo de regularidade nesse time do Vitória, mais uma vez foi importante e fundamental para a construção do resultado rubro-negro. 

Não podemos esquecer também da excepcional atuação do volante Dudu, que em meio a algumas polêmicas e controvérsias policiais nas últimas semanas, fez ontem uma das suas melhores partidas atuando pelo Vitória neste início de temporada, sendo ao lado de William Oliveira, os principais responsáveis por anular Cauly e Everton Ribeiro na partida, dois dos principais jogadores do meio de campo do Bahia.

Quem venceu o BAVI ontem, foi o time que não tem bilhões de árabes, que ainda está em reconstrução e reerguimento do clube após quase uma década sendo mal-administrado por incompetentes (pra ser bem polido nas palavras para não tomar processo) e essa reconstrução rubro-negra vem sendo tocada e capitaneada pelo seu presidente Fábio Rios Mota e sua diretoria, mas que principalmente, tem no elenco campeão nacional, o seu principal protagonista: Leonardo Rodrigues Condé e por mais que vão aparecer os cornetas de plantão e birrentos, Condé mais uma vez, assim como fora no ano passado, principalmente nos jogos contra Sport e Novorizontino na Série B do ano passado, soube desenvolver e articular uma estratégia e soube também moldá-la no campo, considerando todas as circunstâncias e variáveis que a partida lhe apresentara, principalmente na virada do primeiro para o segundo tempo.

A vitória do Vitória ontem no Barradão, tem o mesmo sabor daquela de 2013, na reinauguração da Fonte Nova. Naquele jogo o contexto era semelhante: Vitória vinha de uma turbulência após ser eliminado da Copa do Nordeste, o Bahia viu em sua torcida e em grande parte da imprensa, uma soberba e arrogância gritante como se já tivesse ganhado o jogo e quando a bola rolou, a história foi bem diferente: o Vitória foi amplamente superior naquele jogo e ter dado apenas 5 foi pouco pelo o que criou, principalmente naquele segundo tempo.

E ontem, não foi diferente: talvez não com as características daquele time de Caio Júnior em 2013, mas da maneira como foi a vitória do Vitória de Léo Condé ontem, sobretudo é um resultado que não só devolve a confiança do time, da torcida mas principalmente faz com que a chave mude para o Vitória, que tem suas limitações técnicas e de elenco, mas sabe que irá enfrentar uma difícil e complicada temporada, em seu retorno á Série A, após 5 anos longe da elite do futebol nacional.

Parabéns também aos mais de 30 mil rubro-negros que lotaram o Barradão ontem, cantaram do primeiro ao último minuto do jogo e mesmo com as adversidades do jogo, apoiou e empurrou o time para mais uma vitória na Toca do Leão. E não dá pra falar em linda festa da torcida rubro-negra sem mencionar a Torcida Uniformizada Os Imbatíveis, que mais uma vez deu um show e mostrou que dá sim pra fazer um mosaico na arquibancada de cimento e principalmente, sem nenhum teor provocativo no mosaico, diferente do que fez a principal torcida organizada do Bahia, no clássico do ano passado pela Copa do Nordeste.

No fim das contas, quem falou demais há meses, quem mandou correr acabou correndo, frustrado e em alguns casos, indo pra casa chorando sob a escolta do tio bombado.

É como eu falei no início desta coluna: a soberba sempre precede a queda, toda a arrogância pode e deve ser castigada, como foi ontem no Barradão.

A lição que fica é a seguinte: clássico é clássico independente da circunstância e de contexto externo; como um grande apaixonado por futebol que sou, já vi o Bahia com time ruim vencer o Vitória com um time um pouco mais qualificado e da mesma maneira, também já pude ver o Vitória com um time ruim vencer o Bahia que tinha um time melhor qualificado, haja a vista 2020 e 2021, ambos na Copa do Nordeste.

Dinheiro não entra em campo, não dá assistência e nem faz gol: em campo são 11 homens contra outros 11 homens correndo atrás de uma bola em 100 minutos ou mais, já que hoje em dia os acréscimos são bem mais consideráveis do que em relação ao que era antigamente e é apenas no campo que as coisas se resolvem, para o bem ou para o mal.

Ontem, Rogério Ceni com 2x1 á seu favor no placar, subestimou o Vitória no Barradão e sacou três dos quatro jogadores principais do seu time, a saída de Thaciano foi por ordem médica e você não pode subestimar um time que joga em casa, que tem a torcida ao seu favor, jogando o time pra cima e vindo de um ano mágico como foi 2023 para o Vitória.

Ceni deu mais munição para Condé, que fez uma leitura perfeita de jogo no segundo tempo e com essas alterações de Ceni, arriscou subir as linhas e obteve êxito.

O que já estava desestabilizado no Bahia com essas alterações, piorou ainda mais quando Rezende foi expulso e essa expulsão, na metade do segundo tempo destruiu com a proposta que Ceni tinha para o Bahia no segundo tempo. Ceni foi engolido taticamente por um Léo Condé que há alguns dias vinha sendo questionado e contestado pelo torcedor rubro-negro, enquanto Ceni vinha de uma lua de mel com os tricolores, após ter salvado o Bahia do rebaixamento no ano passado.

Sobre a arbitragem, com exceção da expulsão justa em Rezende, achei a arbitragem de Diego Pombo muito ruim, um árbitro que diferente de Marielson (que também é ruim), gosta muito de se aparecer e se aparece cometendo erros graves, como a não marcação de um pênalti claro sofrido por Matheusinho no segundo tempo.

Não diferente de Diego Pombo, os assistentes também erram nos impedimentos, em um deles, o defensor do Bahia dava condição a Osvaldo no alto da imagem exibida pela TVE e o bandeirinha marcou de maneira equivocada o impedimento.

Já passou da hora da Federação Baiana de Futebol passar a escalar árbitros de fora para apitar os BAVIs no campeonato baiano, pois infelizmente, a arbitragem da Bahia deixa muito a desejar.

Parabéns a TVE pela excelente cobertura do clássico, mostrando que existe vida fora do monopólio e que dá sim pra fazer uma grande cobertura de um campeonato de futebol com tamanha qualidade e precisão, sem ter a pompa que tem os grandes veículos de comunicação do país.

Parabéns a torcida COLOSSAL do Leão pela VITÓRIA e que essa vitória traga aquele Vitória da Série B de volta: um time que desempenha bem dentro e fora de casa e vence seus jogos com absoluto merecimento.

Para a torcida do Bahia, não é o fim do mundo perder um clássico, mas que fique de lição que quanto maior for a altura, dolorosa será a queda afinal de contas, clássico sempre será clássico.

(*) DAVID RIBEIRO é editor-chefe de PRESÉPIO ON e assina a coluna PAINEL sempre as segundas-feiras.

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