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Mônaco: É possível melhorar? Sim, mas...

 

LÍVIA MELO

@scuderialiv

Quem assistiu ao Grande Prêmio de Mônaco no último domingo (25), mais uma vez viu uma corrida entediante, sem ação e com apenas 1 ultrapassagem na pista. Os 4 primeiros largaram e chegaram nas mesmas posições. Uma corrida que foi decidida no Sábado, quando Lando Norris superou os rivais e conquistou a pole-position com sua McLaren. Mesmo a corrida de 2023 com chuva e que teve 23 mudanças de posição na pista, ainda é um número extremamente baixo se formos comparar com a edição deste ano da Indy 500, que com várias bandeiras amarelas, entregou uma corrida com boas brigas e ultrapassagens até os últimos momentos. Claro, Indianápolis é um oval com 200 voltas e Mônaco uma pista de rua estreita com 78. A grande pergunta, afinal, é: Como melhorar as corridas em Mônaco sem retirar esse lugar histórico do calendário? A resposta é até simples, contudo, pode demorar um tempo…

Proposta do ex-piloto e designer Alexander Wurz para modificar o traçado da corrida nos pontos da chicane, Racasse e hairpin. Via Alex Wurz.

A proposta de Wurz é bem-vinda, mas os problemas no Principado vão além de mudanças aqui e ali no apertado circuito. Uma solução mais radical seria alterar completamente a pista fazendo-a passar por outros pontos da pequena cidade, algo que já foi defendido por Charles Leclerc, monegasco da Ferrari. A redução no tamanho dos carros também é sempre colocada em pauta por pilotos, jornalistas, fãs e chefes de equipe. E obviamente precisa acontecer devido ao tamanho exagerado da atual geração de monopostos. Entretanto, mudar o traçado e diminuir consideravelmente o tamanho dos bólidos ainda não resolve o problema. Quem não se lembra da famosa corrida de 1992 quando Nigel Mansell de Williams falhou em passar Ayrton Senna de McLaren? Os carros eram bem menores que os atuais e é verdade que Senna se defendeu com maestria. mas a lenda brasileira conseguiu isso em parte devido ao ar sujo gerado pelo carro da frente ao que vem atrás, um problema crônico da F1 e que o regulamento de 2022 falhou em eliminar. Ar sujo. A solução passa por isso.

Max Verstappen (Red Bull Racing) e Lando Norris (McLaren) no GP do Japão de 2025, outra corrida notável pela escassez de ultrapassagem. Via Andy Hone.

A tuburlência gerada pelos carros da frente ao de trás é um problema persistente há anos na categoria. Piloto X segue o piloto y de perto, fica no vácuo dele, mas com o tempo, seus pneus começam a esquentar e desgastar e ele é forçado a tirar o pé se não conseguir ultrapassar. Indo além, a turbulência é tão grande que ele não consegue passar. A FIA e F1 prometeram acabar com isso quando o regulamento de 2022 começou, porém, o que se vê hoje é muito pior do que era no antigo regulamento. Conforme as equipes vão evoluindo seus carros deixando-os mais rápidos e tecnológicos, mais ar sujo eles geram. Não atoa é comum ver o piloto que lidera na primeira volta vencer porque tem ar limpo pela frente. Diminuir os monopostos e alterar traçados será insuficiente enquanto todos não trabalharem para destruir a turbulência. A F1 é o ápice do automobilismo, mas tanta tecnologia envolvida torna as perseguições complicadas e a falta de ação na pista deixa o telespectador entediado. Chegará o dia onde terão que tomar providências para deixar os carros menos avançados, mas sem ar sujo. É papel não apenas da FIA e da Liberty Media como também das equipes no grid. Já se perguntou por que em algumas pistas F2 e F3 tem mais ultrapassagens que a categoria-mãe? Pois é. Ou por que em corridas do Mundial de Resistência há ultrapassagens em lugares que são improváveis na F1? Mônaco e outros circuitos mais travados podem gerar corridas incríveis que não sejam apenas a classificação, desde que certas escolhas aerodinâmicas sejam deixadas de lado. Automobilismo é um esporte, e esporte também tem a missão de entreter. Se o esporte não encanta o público-alvo e o deixa entediado, ele falhou como esporte. É possível conciliar espetáculo e tecnologia na medida certa. Pelos fãs, pilotos, jornalistas e todo mundo. Enquanto o ar sujo não for eliminado, os carros podem ser karts correndo em oval que nada mudará.

FOTOS: XPBImages

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