Oscar Piastri em sua McLaren MCL39 #81 durante o GP da Espanha de 2025. Via Lluís Gené da AFP
LÍVIA MELO
@scuderialiv
A primeira vez que o mundo da F1 ouviu falar de asas que flexionavam mais que o permitido foi no GP do Azerbaijão de 2024, quando imagens da McLaren de Oscar Piatri mostraram a asa traseira se abrindo fora das zonas de DRS e supostamente mais do que o permitido. A suspeita sobre uma possível falcatrua piorou mais porque Oscar venceu aquela corrida sobre a Ferrari de Charles Leclerc. Desde então, a flexão mudou para as asas dianteiras e muitos vídeos exibiam carros da Red Bull, Mercedes, Ferrari e da própria McLaren flexionando essa parte em alta velocidade. A suspeita recaiu mais sobre os alemães e os britânicos devido ao bom desempenho no início deste ano. Para a corrida na Espanha, a FIA anunciou regras mais rigídas que determinavam que as dianteiras deveriam se mover a no máximo 10mm e as traseiras a 3mm. A Red Bull em especial frequentemente acusava a rival laranja de construir sua vantagem em torno dessas partes do bólido e muita gente esperava que essa nova diretriz equilibrasse o campeonato. Resultado? A McLaren venceu de novo com dobradinha.
A abertura na asa traseira do MCL38 de Piastri no GP do Azerbaijão de 2024. Teorias diziam que isso impediu a aproximação de Leclerc, mas nunca foi comprovado.Talvez você esteja se questionando se não é cedo demais para tirar esas conclusões. Bom, talvez seja. Mas existe uma máxima: Se seu carro for bom em Barcelona, ele será bom em todas as pistas europeias. E se aqui não tivemos uma mudança de hierarquia como a FIA esperava, então isso falhou. Não é a primeira e nem será a última que medidas da FIA tentando colocar fogo no campeonato falham. Isso acontecia durante o domínio da Mercedes e Red Bull. Quem não se lembra da DT-39 de 2022? Eles almejavam frear e equilibrar a Red Bull, contudo, mataram a Ferrari e criaram o monstro chamado RB19. As regras agora questionadas de 2026 são outro exemplo do despreparo da gestão de Mohammed Ben Sulayem. Ou a FIA repensa seriamente suas estratégias e pessoal, ou vai acabar com a categoria.
George Russell (Mercedes-AMG W16) e Max Verstappen (Red Bull Racing RB20) nas voltas finais do GP da Espanha de 2025.Infelizmente para as principais rivais da McLaren, especialmente a Red Bull, a vantagem dos papayas até aqui está dentro das regras. Deve-se lembrar que seu diretor-técnico é Rob Marshall ex-RBR e o chefe de equipe é Andrea Stella ex-Ferrari. Stella, aliás, já disse em uma ocasião que os rivais estavam olhando para o lugar errado do carro laranja. Não foi a primeira vez que a equipe austríaca tentou apontar o dedo sem sucesso para eles. Os freios também foram alvo de reclamação. É difícil para Christian Horner e Helmut Marko reconhecerem abertamente que a guerra de egos prejudicou o time e permitiu que muitas figuras proeminentes fossem embora, além de não terem um carro a altura do talento de Max Verstappen.
O fracasso da nova diretriz só não foi maior por causa do próprio Max, aliás. Após o acionamento do Safety-Car, a RBR trocou os pneus do tetracampeão para duros, únicos disponíveis naquele ponto, o que o deixou vulnerável a ataques de outros pilotos. Verstappen rodou no início da reta e o erro lhe custou o pódio para Charles Leclerc. Depois, ultrapassou George Russell por fora quando se defendia dele e a equipe pediu para devolver a posição temendo uma punição. Mas quando Russell iria ultrapassar após abertura dada pelo holandês, viu sua Mercedes ser atingida pela Red Bull em mais um ataque de fúria de Max. Os dois trocaram farpas depois, até Verstappen admitir o erro na manhã dessa segunda-feira (02). Punido com 10 segundos, ele caiu para P10 e levou mais 3 pontos na carteira, faltando 1 para ser suspenso. Uma atuação vexatória que queimou a boa corrida que fazia e merecia até uma desclassificação. Entretanto, Ben Sulayem deve agradecer muito ao #1 por protagonizar essa cena e tomar os holofotes, ou a mediocricidade da Federação seria ainda maior.
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(*) LÍVIA MELO é jornalista, editora-executiva de PRESÉPIO ON e vice-presidente do Grupo Presépio
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